Atrite-se, indigne-se

Em Alice no país das maravilhas, a rainha de copas diz: “no meu reino, você precisa correr o mais rápido que puder, apenas para ficar no mesmo lugar”. Essa frase reforça um conceito que chamo de “insatisfação construtiva”. Que é um estado interno de inconformismo, de força interior para mudar aquilo que não se pode aceitar.

O normal nem sempre é aceitável. Inclusive, por vezes, ele pode ser patológico. Aquilo que Pierre Weil cunhou como “Normose”, a patologia da normalidade. O ato de se resignar com aquilo que é doentio, de se sentir bem adaptado a uma sociedade adoecida.

Como disse George Bernard Shaw, “o mundo é dividido entre os sensatos e os insensatos. Os sensatos adaptam-se ao mundo, os insensatos insistem em adaptar o mundo a si mesmos. É por isso que todo progresso depende do homem insensato.” Aquele que se indigna, que se incomoda, que põe em xeque os padrões, que sente a dor daquilo que fere – e aprende com isso para criar novas possibilidades.

Foram esses homens que não permitiram que vivêssemos ainda sob a luz de velas. Foram eles que elevaram a barra. E é a eles que devemos gratidão por terem plantado as árvores que hoje nos oferecem as sombras. São eles que nos inspiram a também nos indignar, a sermos insatisfeitos para construir um destino melhor a nossa espécie.

Por Carlos Araújo (@carlosaraujox)
WhatsApp chat