Desiderata é uma palavra de origem latina que significa “aquilo que se deseja” e é também o título de um dos mais belos poemas do mundo. Com sua mensagem de fé, esperança e amor, Desiderata nos faz ver as verdades que passam despercebidas no dia-a-dia e oferece um caminho para a felicidade e o bem viver.
“Você é filho do universo, assim como as árvores e as estrelas: você tem o direito de estar aqui.”
O poema “Desiderata” foi escrito em 1927 pelo poeta americano Max Ehrmann (1872-1945). Existe um mal entendido a respeito da autoria do poema, algumas publicações atribuem-na a um autor hindu desconhecido. Em alguns livros de referência, “Desiderata” é ainda amiúde considerado como tendo sido “achado” na velha St. Paul s Church, em Baltimore, e que data de 1692. Entretanto, ele foi realmente escrito por Max Ehrmann, (1872-1945) que registrou o copyright em 1927; o copyright foi renovado em 1954 por Bertha K. Ehrmann.
O pároco da Igreja de Saint Paul em Baltimore, o Reverendo Frederick Kates, mimeografou o poema para os seus fiéis e posteriormente alguém o reproduziu e não incluiu o nome do autor, colocando a observação que o poema tinha sido “encontrado na Igreja de Saint Paul, datado de 1692”. Na verdade, o ano de 1692 é o de fundação da Igreja de Saint Paul.
Eis o poema:
Desiderata
Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível sem humilhar-se,
mantenha-se em harmonia com todos que o cercam.
Fale a sua verdade, clara e mansamente.
Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou
inferiores a você:
isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho,
por mais humilde que seja,
ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de
armadilhas.
Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira,
pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos
e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive a força do espírito e você estará preparado
para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com perigos imaginários:
muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina conserve,
para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores,
você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber,
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus,
seja qual for o nome que você lhe der.
No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida,
conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano,
o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz
e partilhe com os outros a sua felicidade”.
Max Ehrmann (1872-1945)
*Max Ehrmann nasceu em 26 de setembro de 1872, em Terre Haute, Indiana. Formou-se na Universidade DePauw em Greencastle, Indiana, onde tornou-se o redator-chefe da revista DePauw Weekly. Em 1894, ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade de Harvard, especializando-se em Direito e Filosofia. Por um bom tempo, exerceu as funções de advogado e escritor. O resultado da dupla jornada deixou-o doente, com febre tifóide. Durante sua convalescença, escreveu A Prayer (Uma Prece), que, tal como Desiderata, mais tarde iria se tornar uma mensagem de esperança para milhares de pessoas.
Em 1912, Ehrmann abandonou o direito e dedicou-se inteiramente à literatura. Morando em um apartamento de três cômodos, passou os últimos 33 anos de sua vida como poeta e filósofo. Aos 55 anos, escreveu o ‘Desiderata’, que despertam os melhores sentimentos de cada um.
Fonte: Sextante Editora