Onde a lenta e imperturbável marcha dos minutos segue em surda caminhada para acumularem-se no passado por vezes é quase palpável.
Na fazenda, volta e meia algum longínquo ruído quebra o encanto para logo em seguida dissipar-se arrastando consigo saudosos pensamentos.
Os dias passam imperceptíveis com pores de sol hipnotizantes, que vem arrastar ao horizonte o olhar e pensamentos ao infinito.
Silêncios relaxante contrastados por pássaros ao longe que agradecem à Deus pelo fim de mais um dia.
Os pássaros, ah! Os pássaros, estes com participação sempre especial. O toc-toc-toc frenético de Pica-pau cabeça vermelha vem aguçar a curiosidade por assemelhar-se à presença humana distinta dos barulhos da mata.
Casais de Canarinhos da Terra indo morar em casas de João de Barro enquanto este constrói em novo lugar. Corujas em longa observação giram lentamente a cabeça como que enfeitiçadas acompanham qualquer passagem.
Nos campos os Quero-queros alarmistas anunciam todo e qualquer movimento.
No fim da tarde Andorinhas nos fios entre os postes reunidas para reverenciar o astro rei que se recolhe para apresentar-se magistralmente na manhã seguinte.
Lento balé de tufos de algodão no céu fechavam as cortinas para as estrelas retocarem ser brilho para mais tarde encantar com novo espetáculo, por vezes tendo a prata lua como companheira ou então aos milhares fervilhando no fundo negro.
Assim, alheia à pressa do homem a natureza segue sua missão.
José Luiz Nauiack – Abril de 2020