ESPIRITUALIDADE E RESILIÊNCIA

AQUI EM CURITIBA TAMBÉM FOI DESENVOLVIDO UM TRABALHO DE DEFESA DE TESE PELA MESTRANDA ELIANA ADAMI, ONDE AVALIAVA A CORRELAÇÃO ENTRE ESPIRITUALIDADE E CÂNCER, COMPROVANDO, TAMBÉM, OS MELHORES RESULTADOS NAS PESSOAS QUE NUTRIAM ALGUM TIPO DE ESPIRITUALIDADE.

Como médico sempre tive a curiosidade em saber o porquê de algumas pessoas reagirem melhor diante de algumas situações de dor, sejam elas físicas ou emocionais.

Não foram poucos os casos em que vivenciei atitudes desesperadoras ou de altivez, tanto pelo próprio paciente como por familiares, diante de quadros graves de saúde.

Claro que a personalidade influencia muito nesse processo, mas, como explicar, pessoas com personalidades muito parecidas terem atitudes discrepantes diante de uma mesma situação?

Tenho visto ultimamente, trabalhos científicos que visam esclarecer as prováveis razões para essas diferentes assimilações.

Os pesquisadores foram afunilando as razões até perceberem um viés comum, o da espiritualidade. Mas não numa relação direta de causa e efeito. Desta forma, uma pessoa muito religiosa, não está necessariamente imune a desencadear um quadro de fibromialgia, por exemplo, nem o contrário como demonstrou o trabalho da professora Alessandra Butz, da universidade Federal da Paraíba, estudando fibromialgia e religião.

Aqui em Curitiba também foi desenvolvido um trabalho de defesa de tese pela mestranda Eliana Adami, onde avaliava a correlação entre espiritualidade e câncer, comprovando, também, os melhores resultados nas pessoas que nutriam algum tipo de espiritualidade.

Revendo trabalhos mais antigos, me deparei com dados coletados em UTIs, mostrando que pacientes infartados que apresentavam alguma crença tinham 30% a mais de chances de recuperação em comparação com os que se diziam ateus. Também os que tinham cônjuge, ou aqueles que recebiam maior número de visitas de familiares e amigos, mostravam sinais de recuperação maiores e mais rápidos.

Parecia lógica essa relação entre a espiritualidade e a resiliência, que é a capacidade de gerenciar melhor os momentos de dificuldade por maior condição adaptativa, porém, hoje temos demonstrações cientificas dessa relação.

Obviamente que o intuito deste artigo não é fazer com que as pessoas tornem-se religiosas para protegerem-se mais. Até porque, falo em espiritualidade, e não em religiosidade, pois temos visto muita manipulação da fé das pessoas. Há de se ter muito cuidado para que a fé não seja escravizada pela religiosidade excessiva.

A venda de terrenos no céu parece ser um mercado sem crise e seus ”corretores”, locupletando-se totalmente com a fragilidade humana. Quanto mais difícil a situação, mais fácil de seguir salvadores.

Em suma, comprovado está que a espiritualidade das pessoas lhes permite suportar melhor as agruras físicas e emocionais, embasados na crença de que um ente superior os protege e veem nesses processos, muitas vezes, razões ligadas ao crescimento espiritual, entendendo ser a dor um dos caminhos da consciência, conforme disse Budha. O outro é o amor.

Dr. Edmilson Fabbri 
para o Jornal Universidade Ciência e Fé
em Dezembro/2016

 

 

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