Perdemos tanto tempo de nossas preciosas vidas com coisinhas, valorizando situações ou pessoas que não merecem, que, se fizéssemos um balanço, veríamos o quanto de horas, dias e até meses, quando não anos, já desperdiçamos por conta de coisas, situações ou pessoas que achávamos importantes, e depois percebemos quão banais foram.
Para evitarmos novos desperdícios de tempo bom para nós, devemos ter sempre em mente a seguinte questão: “Talvez isso seja importante, mas será essencial?” Com essa pequena indagação, separaríamos o joio do trigo e pararíamos de supervalorizar o que não merece.
Num tempo em que a busca pela felicidade é algo quase obrigatório, parece um contrassenso andar na contramão disso, irritando-se e magoando-se por coisas importantes mas não essenciais, também chamadas de bobagens. Lembrem-se: não saber controlar as emoções é quase tão prejudicial quanto não as ter.
Sêneca já nos discorreu sobre a brevidade da vida, trabalhando sobre a essencialidade das coisas. Esse deveria ser o divisor de águas na vida das pessoas.
Discutimos no trânsito, valorizamos comentários de pessoas fofoqueiras, nos irritamos com nossos familiares por pequenas questões e, ti-ti-ti daqui e ti-ti-ti de lá, afinal queremos ter razão ou ser felizes? Disso depende a separação do que é importante para o que é essencial.
Percebem o quanto essa mudança de atitude pode mudar vidas? Tirar-nos de um patamar e jogar-nos em outro?
É claro que essa percepção só vem com o tempo. Normalmente trazida pelos primeiros cabelos brancos, frutos de avaliações que deveríamos fazer constantemente sobre nosso histórico, seguindo o conselho de Sócrates: “Uma vida bem vivida é uma vida examinada”.
Já se perguntaram por que tanta depressão hoje em dia? Tirando os aspectos genéticos e algumas outras situações que merecem tratamento medicamentoso, tem muita gente tomando medicamentos por valorizar coisas que a levam a situações depressivas, com muito pouca resposta à medicação, pois a questão principal nesses casos é mudar a perspectiva, rever conceitos e tomar novos rumos.
Tanya Luhrmann, antropóloga da Universidade de Stanford, nos EUA, corrobora esse pensamento quando diz: “Damos muitos remédios às pessoas, tem muita tristeza comum sendo tratada com medicação como se fosse depressão”.
Vale lembrar também que as coisas já foram piores. Lembrem-se de que Freud já foi usuário e entusiasta de cocaína, receitando-a, inclusive, para seus pacientes com tristeza recorrente.
A serotonina, que já foi superstar anos atrás, sendo que todos queriam elevar seus níveis, já é questionada em função de que nem todo cérebro deprimido tem baixa serotonina.
Antes de valorizarmos o desequilíbrio químico, deveríamos valorizar a capacidade de reação das pessoas, desde que bem estimuladas e orientadas. A programação neurolinguística mostrou-se uma excelente ferramenta para esse fim.
Afora tudo isso, vem o grande vilão do século, o estresse, com a liberação de cortisol em excesso, alterando a bioquímica do cérebro e facilitando a depressão. E aqui, reforçamos a questão principal deste artigo: para diminuir nosso estresse diário, basta pararmos de valorizar o que nos parece importante e focarmos verdadeiramente no que é essencial.
Assim, tomando essas atitudes e nos orientando voltados para o essencial, teremos uma possibilidade muito grande de dependermos menos de médicos e de remédios, fazendo da simplicidade motivo para a felicidade.
Dr. Edmilson Mário Fabrri Jornal da Universidade e Revista Ideias Em DEZ/18