Lição do pé quebrado

Dia desses quebrei o pé de uma cadeira.

Dirigi-me ao Mestre em busca de indicação de um bom profissional para consertar aquele estrago.

Após um olhar rápido para a peça, o Mestre sorria calmamente olhando-me nos olhos.

Na imaginação eu antecipava as respostas dele: Jogue a cadeira fora… Não há conserto possível… Lá embaixo no vale encontrarás um artesão que… e assim por diante

Mil coisas passaram em minha mente antes dele pronunciar sua sentença:

⁃ Por que subestima-te?

Franzi os olhos.
Engoli seco.
Repassei habilidades.
Revisei diplomas, cursos, experiências e histórias, mas nada combinava com o desafio daquele pé quebrado.

O sorriso invadiu seu olhar. Quando eu estava pronto pra desfilar minha falta de habilidade ele voltou a falar:

⁃ Vem comigo. Vamos buscar a madeira.

Segui-o sem condições de contrariar.

Em cada momento de receio e indecisão, virava-me para o Mestre e percebia serenidade em seu olhar. Bastava uma ou outra palavra e eu avançava rumo à solução.

Acabei por produzir a peça toda e tenho dificuldades para diferencia-la das originais.

Hoje olho para mim e ainda penso na primeira pergunta dele.

Subestimo-me pelo medo de errar?
Vergonha? Julgamento? Ainda subestimo-me? Sei do que sou capaz?

Passei a arriscar um pouco mais.
Tem dado certo.

José Luiz Nauiack - JUN2021
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