TEMPO PARA SONHAR

Pessoas ficam fortes quando se acreditam fortes, quando ousam sonhar.

Estamos perdendo nossa capacidade de sonhar. Estamos tirando o colorido de nossas vidas. Estamos vivendo, muitas das vezes em preto e branco.

Não podemos abrir mão de nossos sonhos, são nossas molas propulsoras nesta caminhada, mas lembre-se que eles são como alimentos, tem prazo de validade, são perecíveis. Não devemos ficar escravos de sonhos que não se concretizaram, ficaram apodrecidos, temos que substituí-los para mantermos sempre a motivação e a esperança.

As vezes ficamos lamentando algo que não se concretizou ao invés de nos exultarmos com as nossas realizações. Temos a tendência de ressaltar o insucesso, ofuscando nossas conquistas.

O movimento natural do universo e por conseguinte de nossas vidas é para frente e para cima. Algumas pessoas insistem em andar na contramão desse movimento, olhando muito para trás e para baixo. Arrastam pesadas correntes do passado, ficando muito presas à ele.

Olhar para trás, algumas vezes nos ajuda a não errarmos onde já erramos, nos faz refletir e decidir em cima da experiência. Tem um ditado que diz: “Para entender melhor o que estamos passando, olhar para trás ajuda, porém para vivermos a vida plenamente o olhar tem que ser à frente.”

Esse tempo para sonhar, passa pela necessidade de mais tempo para nós. Eis aí um problema, temos todos a desculpa na ponta da língua da falta de tempo que o mundo moderno gera. É estranha essa relação com o tempo, pois como veremos a diante hoje deveríamos ter mais tempo que antigamente. Existe uma incômoda sensação de que quanto mais tempo eu economizo menos tempo eu tenho. Senão vejamos esta comparação: Antigamente você escrevia uma carta, levava-a aos correios, dentro de dias o destinatário a recebia, lia e a respondia, e novamente dentro de dias você recebia a resposta. Passava um bom tempo nesse processo todo. O mundo não tinha pressa.

Hoje não se escrevem mais cartas. Dispomos de fax, e-mail, celular, internet, tudo é na hora, resolvido instantaneamente. Se tudo é resolvido na hora e não existe aquele tempo “perdido” com as cartas, onde está o tempo que estamos “ganhando”?

O problema é que plugaram o mundo todo. Aumentaram em muito a velocidade da informação. Tudo é on line e isso nos dá a sensação de que o tempo está passando mais depressa e que neste caso não temos tempo de sobra. Não é um contra senso? Como temos a percepção de que o tempo está passando mais depressa, temos que ser mais produtivos e, com isso, aproveitamos o tempo que nos sobra para fazermos mais coisas. Que loucura! E via de regra estamos todos nela.

Existe um culpado? Dizem que é o preço do “progresso”. Capitalismo selvagem. Mas tem que ser selvagem? Tempo é dinheiro? Temos que transformá-lo a qualquer custo em produção para ele transformar-se em dinheiro?

Não bastasse tudo isso, estamos transformando nossos prazeres básicos, como as refeições, em verdadeiras correrias, “fast food”. Para que perdermos tempo em almoços tradicionais? O precioso tempo de nosso almoço pode ser usado para irmos ao banco, cortarmos o cabelo ou coisa que o valha com todo o seu grau de “importância”. Isso quando não almoçamos no próprio escritório, para isso inventamos os “deliverys”. Não está longe desenvolvermos pílulas que substituirão nossas refeições. Em um minuto estaremos “almoçados”.  Aonde chegaremos???

Só que, graças à Deus, da mesma forma que tem um mundo cada vez mais com pressa, querendo transformar cada vez mais tempo em dinheiro, oferecendo tudo via sedex, tem outro mundo sendo redescoberto. O mundo da qualidade de vida, da leitura, da convivência familiar e com amigos. O mundo que tem tempo para a yoga e para o cinema.

E assim meus amigos, coexistirão pacificamente as redes de fast foods com as redes de comida natural, os bate papos pessoalmente com os “chats”, a peladinha de futebol com os amigos e os “nintendos” (como eu sou antigo kkk).

Cada um que decida o que mais lhe apraz e viva feliz da melhor maneira. O que seria do verde se não fosse o azul? Não é o que dizem?

Deixo como sugestão a leitura do poema – Instantes – de Jorge Luis Borges, pois traduz muito bem este artigo: “Se eu pudesse viver novamente a minha vida…”. Não custa sonhar, mas para isso tem que ter tempo. Tempo para sonhar!

Dr. Edmilson Fabbri
Para o Jornal Universidade Ciência e Fé
(http://www.cienciaefe.org.br/) em Abril/2015