O VELHO E O NETO

Era uma vez um velho muito velho, quase cego e surdo, com os joelhos tremendo. Quando se sentava à mesa para comer, mal conseguia segurar a colher. Derramava sopa na toalha e, quando, afinal, acertava a boca, deixava sempre cair um bocado pelos cantos.

O filho e a nora achavam aquilo uma porcaria e ficavam com nojo. Finalmente, acabaram fazendo o velho se sentar num canto atrás do fogão. Levavam comida para ele numa tigela de barro e, o que é pior, nem lhe davam o bastante.

O velho olhava para a mesa com os olhos compridos, muitas vezes cheios de lágrimas.

Um dia, suas mãos tremeram tanto, que ele deixou a tigela cair no chão, se quebrando. A mulher ralhou com ele, que não disse nada. Só suspirou.

Depois ela comprou uma gamela de madeira bem baratinha e era aí que ele tinha de comer.

Um dia, quando estavam todos sentados na cozinha, o neto, de quatro anos, estava brincando com uns pedaços de pau.

“O que é que você está fazendo?”, perguntou o pai.

O menino respondeu: “Estou fazendo um cocho, para papai e mamãe poderem comer quando eu crescer”.

O marido e a mulher se olharam durante algum tempo e caíram no choro. Depois disso, trouxeram o avô de volta à mesa. Desde então, passaram a comer todos juntos e, mesmo quando o velho derramava alguma coisa, ninguém dizia nada.

– O Livro das Virtudes

“Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres.”

– Sêneca, filósofo romano.

Fonte: construirnoticias.com.br
Imagem: 
Geralt – Pixabay

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